Curso
de Viola
Individual:
Aulas:
práticas (45 minutos de duração)
teóricas (60 minutos de duração)
Ministradas 2 vezes por semana.
Mensalidade:
1º Mês: R$ 360,00
2º Mês: R$ 360,00
3º Mês: R$ 360,00
4° Mês: R$ 360,00
5° Mês: R$ 345,00
Grupo:
Aulas:
práticas (45 minutos de duração)
teóricas (60 minutos de duração)
Ministradas 2 vezes por semana.
Mensalidade:
1° Mês R$ 250,00
2° Mês R$ 250,00
3° Mês R$ 250,00
4° Mês R$ 250,00
5° Mês R$ 235,00
Local:
Escola ABC MUSICAL.
Alameda Glete, 1018 - Bairro Santa Cecília / SP - CEP: 01215-001
(ao lado da estação do metrô santa cecília)
São Paulo - SP.
E-mail: abcmusical@abcmusical.com.br
História da Viola caipira
Este trabalho, de autoria do Professor Alceu Maynard de
Araújo, foi publicado em artigos, na Revista Sertaneja de números 4,
5, 6, 7, 8, 9, 13 e 14, de julho de 1958 a maio de de 1959. Por sua
importância para a divulgação deste instrumento tão valioso para a cultura
sertaneja, este artigo está sendo transcrito na íntegra, inclusive as
fotos. Estas estão com baixa qualidade devido a deterioração do papel,
devido a idade do mesmo (45 anos). Ao final do trabalho, veja uma pequena
biografia do Prof. Alceu.
Origem da Viola
A viola é por excelência um instrumento musical do meio rural, sendo
muito disseminada em nosso país, e encontrada nos mais longínqüos rincões
do sertão brasileiro.
Sua origem é remota. No baixo latim encontramos: vidula, vitula,
viella ou fiola, mas nenhum destes vocábulos serviu para
designar a nossa viola. Tratava-se de um violino pequeno, um
tetracórdio. Era a viola de arco, uma espécie de rabeca.
Mas a nossa viola é também bastante idosa, veio de
Portugal e ao aclimatar-se em terras brasileiras sofreu algumas
modificações, não só em sua anatomia como
também no número de cordas. É a lei da
evolução. Evoluiu tanto que nós conhecemos no
Brasil cinco tipos distintos de violas de cordas de aço: a
paulista, a goiana, a cuiabana, a angrense e a nordestina. Dos tipos
mencionados, estudaremos apenas a paulista e a angrense pelo fato de
serem as mais conhecidas e encontradas com maior freqüência
em nosso Estado.
A viola é o instrumento fundamental do "modinheiro", é cordofônio, pois
suas cordas comunicam sua vibração ao ar. Serve para acompanhamento
de canto e dança. Pode ser tocada só, executando solos, em dupla, o
que é muito comum ou para acompanhamento.
Ao lado da viola, porém com menor freqüência, encontramos a rabeca,
também oriunda de Portugal. Parece que a rabeca foi no passado a companheira
inseparável da viola, sendo atualmente olvidada, quase que só encontrada
no litoral. A rabeca não dispensa a companhia da viola, pois não costumam
fazer solos de rabeca. Completando a enumeração de cordofônios tradicionais,
preciso é mencionar o cocho, viola rudimentaríssima, hoje completamente
esquecida. Dele tivemos conhecimento ocasionalmente em Tietê, por ocasião
de um Cururu rural, num pouso da Bandeira do Divino Espírito Santo,
em outubro de 1947.
A urbanização da viola, isto é, a sua entrada nos palcos e hoje nos
auditórios das estações de rádio e televisão, devemo-la ao saudoso folclorista
paulista Cornélio Pires, que em 1910 organizou um programa de violas
no palco da cidade de Tietê e pouco mais tarde, num festival em São
Paulo, no então Mackenzie College.
O violão, que na urbanização da viola está ao seu lado, goza atualmente
na cidade tão larga difusão que podemos dizer que é o instrumento do
meio urbano. O violão já foi largamente desacreditado. Tocador de violão
era sinônimo de vagabundo. Graças ao velho Catulo da Paixão Cearense,
o violão hoje anda nas mãos das "granfininhas". E que realeza tem um
violão enfeitado pela Inezita Barroso! Bem, voltemos à nossa viola.
Quando os portugueses aqui chegaram, ao lado do desejo de trabalhar
na dura lide de povoar e colonizar as terras cabralinas, trouxeram também
algo que encheria os momentos de lazer. As danças e os cantos camponeses,
a viola, a rabeca, o adufe, o triângulo, a tarola, o culto a São Gonçalo,
as Folias de Reis e do Divino Espírito Santo e os votos de comer e beber
na Igreja, estes já codicilados e condenados nas Ordenações Filipinas.
Na terra além-mar eles iriam viver e, as danças, cantos, cerimônias
religiosas contribuíram para anular a nostalgia.
A viola de arame, de Braga (Portugal) ou viola braguesa, ao chegar ao
Brasil parece não ter evoluído muito, ao ponto de vista social, como
aconteceu com sua irmã rabeca, que tomando ares civilizados, com roupagem
mais sólida, tornou-se o aristocrático violino que subiu para os coros
das igrejas católicas, deixando cá fora, nas soleiras das portas das
choupanas, aquela que é mais rica em número de cordas, porém pobre nos
atavios, feita até hoje de tábuas de caixão.
Não possuímos um regular acervo de elementos para comparar a antiga
viola braguesa com a atual viola caipira. No presente trabalho não temos
em mira apresentar os resultados de uma pesquisa histórica desse instrumento,
como nos sugeriu Mário de Andrade, em 1943, mas deixamo-lo em andamento.
Estamos ainda colhendo documentação. Apenas queremos afirmar que si
fora instrumento popular entre os campônios portugueses, qual a guitarra,
aqui é também popular entre os caipiras e caiçaras.
Viola artesanal sendo
feita em Tatuí, São Paulo.
A viola veio da cultura ibérica, onde parece ter surgido por influência
dos mouros. Gustavo Pinheiro Machado (progenitor da aviadora Grésia
Pinheiro Machado) era um virtuose da viola e afirmava em uma moda de
sua autoria que "a viola tinha pais portugueses, o violão tinha pais
espanhóis, ambos eram netos de mouros e bisnetos de hebreus".
Não há dúvida que tenha sido introduzida pelos portugueses. Gabriel
Soares de Souza, a ela se refere. Joaquim Ribeiro, no seu precioso "Folclore
dos Bandeirantes" fala sobre a moda... e não há moda sem viola. Nos
mais antigos documentos que temos manuseado, nos inventários do Arquivo
do Estado, sobre a viola há apenas referência determinada e jamais qualificativa.
O mesmo se dá com a "rabeca com seu arco de crina do dito instrumento
de folia". Cremos entretanto que a vida nômade dos sertanistas e bandeirantes
não impedia o uso da viola. Trago para estas páginas o testemunho insuspeito
de meu avô materno, Virgílio Maynard, tropeiro, que dos 12 aos 60 anos
anos de idade, isto é, desde 1870 palmilhou as ínvias estradas do Rio
Grande do Sul a São Paulo. Contava que nunca vira seus peões e camaradas
viajarem sem sua viola, quase sempre conduzida dentro de um saco, amarrada
à garupa de seu animal vaqueano. Não havia pouso que após o trabalho
azafamado do dia, não tocassem antes de dormir o sono reparador. Quando
a zona era infestada por animais ferozes e havia necessidade de dormir
com o fogo aceso noite a dentro, o violeiro, no interregno de lançar
achas ao braseiro, plangia sua viola dolentemente.
As violas mais antigas que temos tido conhecimento são feitas
à mão por algum "curioso". É recente sua
industrialização. As violas feitas em série e
vendidas a baixo custo são inferiores em som às feitas
à mão. Tiveram porém, o privilégio de
desbancar aquelas, sendo hoje raríssimo encontrar "fazedores de
viola". Embora o violeiro dê preferência à feita
à mão, economicamente se vê obrigado a comprar a
industrializada. E digno de nota, estas são vendidas nas "Mecas"
do catolicismo romano em nosso Estado. Assim podemos ver em Pirapora do
Bom Jesus, Aparecida do Norte, Bom Jesus de Iguape e Bom Jesus dos
Perdões, onde os romeiros, na sua maioria gente da roça,
aproveitam para cumprir suas promessas e fazer sua "comprinha". Nessa
Mecas, ao lado das belíssimas manifestações de
fé ou histeria coletiva, da sinceridade, da promiscuidade que a
falta de acomodações facilita, da jogatina "inocente",
há manifestações riquíssimas do folclore: o
linguajar característico, danças com indumentária
garrida, trajes e costumes diferentes, oferecida de ex-votos que em
geral são peças esculturadas ou pintadas, enfim se
põe em contato com um mundo de coisas que bem merecem um estudo
acurado de um sociólogo. Nos quatro lugares acima mencionados,
pudemos em 1946,1947 e 1948, constatar a venda de violas
industrializadas e as raras feitas à mão e ao mesmo tempo
confirmar a diferença que havíamos notado entre a viola
de beira-mar e a de serra-acima.
A linha divisória seria tomada pela Serra do Mar, pois este elemento
geográfico também delimita em parte os costumes, nos dando marcantes
diferenças entre o caiçara do litoral e caipiras do interior. Comprovamos
o fato da influência geográfica nos usos e costumes com o fato de em
Xiririca, Jacupiranga, Miracatu, Sete Barras, Registro e mesmo Iporanga,
serem bem distantes do litoral, mas muitos de seus usos e costumes serem
idênticos aos de Cananéia e Iguape. Há grande identidade na linguagem,
nas danças como o Fandango, Congadas, Folias de Reis e também no uso
da viola ao lado da rabeca. Até nos implementos das danças, como seja
o tamanco para o fandango rufado, os feitos no litoral são idênticos,
até na escolha da madeira e fixação da contra-alça, aos das cidades
marginais do Rio Ribeira.
É claro que os acidentes geográficos, os meios de comunicação influenciem
os usos e costumes. A facilidade de compra de um instrumento contribui
para que se generalize a sua adoção. Assim é que, antigamente, os moradores
de Cunha, que levavam dois dias para ir até Guaratinguetá ou Aparecida,
e apenas um para ir até Parati, no litoral fluminense, adotaram a viola
do tipo angrense ou do litoral. É largamente disseminado como o é no
litoral o uso da rabeca, até mesmo na dança de Moçambique. Com o estabelecimento
da estrada de rodagem, a ligação diária por meio de ônibus entre Cunha
e Guaratinguetá até os moradores de Taboão, encostados na Serra do Mar,
preferem hoje adquirir suas violas em Aparecida do Norte. Aliás, fenômeno
idêntico podemos constatar em São Miguel Arcanjo, no sul do Estado.
Devido ao fato de descerem anualmente, por ocasião das romarias de 6
de agosto ao santuário de São Bom Jesus de Iguape, para o cumprimento
de promessas, encontramos alguns traços da cultura material litorânea
entre os caboclos dessa zona. Zona que no passado esteve circunjacente
às estradas de tropeiros. Mas anotamos a presença de panelas de barro
do Peropava, bairro de Iguape, e até a viola do tipo do litoral, feita
em Guaxixi, bairro de Cananéia, vendida em Iguape.
Faça sua matrícula agora - clique
aqui.
|